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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

[DIA DE FILME] Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças

Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (2004)



Gênero: Drama/Ficção Científica
Data de lançamento: 19 de Março de 2004 (EUA)
Tempo: 108 minutos
Direção: Michel Gondry
Escrito por: Charlie Kaufman, Michel Gondry
Estrelado por: Jim Carrey, Kate Winslet, Kirsten Dunst, Mark Ruffalo, Elijah Wood, Tom Wilkinson




Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças é um filme dramático, com uma forte apelação romântica (sem ser nem um pouco clichê) e com um conflito tendendo para a ficção, lançado, oficialmente, em 2004. Foi dirigido pelo francês Michel Gondry e teve, em seu elenco, grandes nomes do cinema internacional e que, futuramente, seriam responsáveis por um legado histórico no cinema, tais como o ator Elijah Wood (O Senhor dos Anéis), Mark Ruffalo (Os Vingadores), Kirsten Dunst (Melancolia), Kate Winslet (O Leitor), além do protagonista Jim Carrey (Sim, Senhor), que conta com sua atuação mais diferente e mais marcante, que desmistifica toda a sua personalidade infantil e, até mesmo, estúpida, que transparece em seus outros filmes. Acredito que, inicialmente, Brilho Eterno chame a atenção exatamente pela participação deste ator e pela sua seriedade e dramaticidade impostas. Diferentemente de outros filmes que Jim Carrey protagonizou (um mais ridículo que o outro), Brilho Eterno é uma obra extremamente sensível, profunda e filosófica, com um alto nível de complexidade e constituindo um quebra-cabeças perfeitamente bem explicado em suas cenas finais.
O longa teve uma repercussão bastante positiva, com uma nota de 8,4 no IMDB, e é classificado como um dos filmes mais vistos e que mais agradaram um publico, por ser completo, equilibrar o romance, o drama, a comédia, tudo com muito bom gosto, com excelentes e lindos diálogos, e aproximando as personalidades dos protagonistas com as personalidades de pessoas comuns, o que torna Brilho Eterno, apesar de ser uma ficção científica, bastante real.
O filme é aberto à várias interpretações, nos trazendo gostos e sensações diferentes a cada vez que assistimos, além de trazer um clássico romance no estilo francês. 
Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças recebeu MUITAS indicações à premiações em quase todo o mundo, com o destaque à vitória no Oscar de Melhor Roteiro Original e de Melhor Atriz para Kate Winslet. Além disso, foi indicado em 4 categorias no Globo de Ouro, Curiosamente (ou não), foi vencedor de Melhor Filme Estrangeiro na premiação brasileira do Grande Prêmio BR do Cinema Brasileiro.
Joel Barish é um jovem rapaz, frustrado com seus relacionamentos anteriores e que encontrou, na solidão e em seus poucos e próximos amigos, uma fuga para escapar de tudo que vem constantemente em suas lembranças. Joel treinou o silêncio e tornou sua vida uma rotina entediante e mecânica. Deste modo, uma profunda depressão acaba sendo instalada em sua pessoa e o rapaz começa a escrever e registrar todas as poucas emoções que aparecem em seus dias. Joel Barish não era um homem feliz.

Após o triste fim de relacionamento com uma pessoa que foi muito especial em sua vida, tudo desandou e Joel começou a desejar com fervor uma surpresa, alguém novo para si, que fosse capaz de mexer com seu mundo. Era um homem que não soube superar o último relacionamento e desejava seguir em frente. O que não contava era que tudo iria mudar após conhecer a diferente e exótica Clementine Kruczynski, que levaria sua vida à um patamar que o rapaz nunca imaginou que pudesse existir.
Bom, antes de mais nada, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças não é uma história de amor. Seria, se tudo parasse exatamente no ponto final do parágrafo anterior. Felizmente, é à partir desses fatos que tudo começa a se desenrolar e que o filme começa a ficar realmente interessante.
Logo no início, encontramos Joel, impulsivamente, decidindo não ir para o trabalho e pegar um trem para Montauk. Acreditando ser uma coincidência, simplesmente um acaso, o rapaz se encontra com Clementine neste mesmo trem, que age de modo bastante simpático e carinhoso, logo desenvolvendo um forte afeto por ele e unindo fortes laços após este primeiro encontro com o silencioso Joel, como se já se conhecessem de vidas passadas (como diria o clichê).

Clementine e Joel logo começam a se aproximar e a desenvolver fortes sentimentos pelo outro, constituindo o que seria uma real e pura história de amor. Apesar das diferenças físicas, mentais e filoosóficas, os dois rapidamente se aceitam e assumem que se salvaram de um mundo cruel, solitário e cheio de dor, ao encontrar a paz no companheiro. Acreditando que seria para sempre daquele jeito e que os dois teriam um "felizes para sempre', Joel voltou à acreditar no amor e a acreditar, principalmente, que Clementine o faria superar todos os seus traumas e tristezas do passado.
Certo dia, acreditando que tudo estava perfeito, Joel encontra a exótica garota em uma livraria e logo percebe que ela está agindo de um modo muito estranho, como se fingisse que nunca o tivesse conhecido e que ele era um desconhecido qualquer. Tudo complica quando ele vê, explicitamente, Clementine beijando outro rapaz em sua frente. Naquele exato instante, tudo desaba, e o silencioso rapaz, que outrora fora feliz, vê seu mundo se tornando escuro.
Decidido à descobrir o que houve com Clementine, Joel vai fundo em suas investigações e acaba recebendo uma estranha mensagem, dizendo que a garota decidiu apagá-lo de sua memória para sempre e deixar tudo que os relacionava para trás. Ela recorreu a uma empresa especializada em apagar lembranças e, deste modo, Joel passou a ser como se nunca tivesse existido para ela.

Destruído e desestabilizado emocionalmente, Barish procura a mesma empresa que Kruczynski procurou e, deste modo, decide, também, apagar tudo que lembrava sua ex-namorada e excluir de sua vida todos os fatos ligados ao seu relacionamento.
Brilho Eterno logo se transforma, imergindo na mente de Joel enquanto suas memórias começam a ser deletadas. À medida que os "apagadores de memórias" vão entrando na mente de Barish, flashbacks daqueles momentos são transmitidos e começamos a conhecer o passado tanto do personagem, quanto do casal. À partir daí, nos é explicado porque Clementine decidiu excluir Joel de sua vida e nos é mostrado como as fortes e intensas lembranças do rapaz afetaram em sua vida. Logo, no meio do processo de exclusão das lembranças, o rapaz se arrepende e busca fugir e se esconder, juntamente às reminiscências de Clementine, para que ela não seja totalmente eliminada de sua vida, ao perceber que poderia até querer esquecer de suas lembranças, mas nunca de seus sentimentos pela sua amada.
O longa de Michel Gondry é uma obra extremamente sensível e complexa de fragmentos. À todo instante, lembranças são jogadas no filme e são importantes constituintes do pano de fundo da história. Tudo funciona como um perfeito quebra-cabeça fora de ordem, já que a linearidade dos fatos é, praticamente, inexistente.
Várias características humanas são enfatizadas, com foco nas negativas e nas impulsivas, como o desespero, as desconfianças e o medo de perder alguém essencial. Além disso, o longa traz um casal atípico para os conceitos contemporâneos, já que são completamente diferentes e com poucas coisas em comum, como são expostas claramente durante o enredo. Clementine é uma jovem pouco culta, que busca viver intensamente e se entregar a tudo que venha repentinamente em sua vida. Uma explosão de sentimentos faz parte da alma da garota e, deste modo, a confusão se instala, já que ela pouco sabe lidar com a permanência dos mesmos. Cheia de defeitos, apesar de inconsequente, é consciente, e busca, no diálogo, na compreensão e na sinceridade, uma forma de superar as diferenças com Joel e de manter os sentimentos vivos.


Completamente oposto à Clementine, Joel Barish é um homem entediado, chato e silencioso. Fechado e de sentimentos contidos, sofre de traumas do passado e não acredita que algo novo realmente possa acontecer em sua vida, apesar de sonhar com isso. Mantém uma rotina básica de trabalho-casa-trabalho-casa, e talvez seu amigo mais próximo seja um diário que contém todas as desinteressantes informações da vida do homem.
Com todos esses detalhes e essa enorme gama de informações, seria impossível se Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças não fosse um filme, no mínimo, poético. Transmitindo o limiar da capacidade humana de sentir e de viver, é uma adaptação extremamente poética e profunda, com uma filosofia própria e original, com uma ideia que, por mais complicada que tenha sido praticada, nos leva a querer assistir até o final, para descobrirmos o que irá acontecer com a mente de Joel.
Os diálogos são muito bonitos, a trilha sonora varia bastante, para os clássicos da década de 50-70, nos momentos românticos e dramáticos, até o light rock da década de 80, durante os momentos intensos, divertidos e movimentados pela alegria, pela felicidade e pela auto-descoberta.
Introspectivo, o filme nos leva a refletir sobre vários conceitos, principalmente sobre a passagem e efemeridade do tempo e sobre o modo como lidamos com nossas emoções e com o andar de nossas vidas.


Com uma excelente atuação do casal interpretado por Jim Carrey e Kate Winslet, além de um visual fantástico e romântico, ao mesmo tempo que clássico e utópico, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças é um filme inesquecível, com um final emocionante e com um repeitado merecimento adquirido em todo o mundo. Recomendadíssimo e acredito que vá atingir o lugar mais profundo dos pensamentos e dos corações dos mais sensíveis.




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